CQCS
Faz poucos dias, tive uma longa conversa com Márcio Coriolano, presidente da CNSeg (Confederação Nacional das Seguradoras), a representante do setor de seguros em todo o território nacional. Como sempre, foi um papo descontraído, pautado pela confiança de muitos anos. Os assuntos discutidos dariam pautas para vários artigos, mas tem um tema, levantado por ele, que me chamou muito a atenção.
Quem é o setor de seguros? A resposta é que o setor de seguros é muito maior do que a operação das seguradoras mais visíveis, as que operam em seguros de vida, automóveis e patrimoniais. Para se ter uma ideia do que estamos falando, as reservas do setor estão na casa de R$ 1,2 trilhão. Evidentemente, este número não é composto apenas pelas reservas necessárias para fazer frente aos riscos mais conhecidos. Nele estão embutidas as reservas das seguradoras, das empresas de previdência privada aberta e das empresas de capitalização. Se lembrarmos que os planos de saúde privados também estão embaixo do manto da CNSeg, veremos que estamos falando de um dos setores com maior capacidade de poupança do País. O que já seria razão de orgulho. Mas há mais.
O setor de seguros devolve para a sociedade, nas várias formas de remuneração da atividade, dezenas de bilhões de reais todos os anos. São indenizações de todas as naturezas, prêmios e poupança da capitalização, resgates da previdência complementar aberta, custeio de tratamentos médico-hospitalares e odontológicos.
Milhões de brasileiros são atendidos pelas empresas do setor, direta e indiretamente. Para dar conta do trabalho, milhares de empregos diretos e indiretos são gerados todos os anos. E são postos de trabalho com patamar de remuneração, em grande parte, acima da média salarial nacional.
As diferentes atividades abrem espaço para administradores, economistas, atuários, engenheiros, advogados, médicos, veterinários, fisioterapeutas, contabilistas e todo o rol de profissões elencadas pelas autoridades do trabalho.
Mas não são apenas eles que vivem das atividades desenvolvidas pelas empresas integrantes do setor. Guincheiros, mecânicos, pintores, pedreiros, encanadores, chaveiros, borracheiros, eletricistas, técnicos de ar-condicionado, geladeira, fogão, computadores e equipamentos eletrônicos, passeadores de animais e o mais que se pensar em termos de profissões que ninguém imagina ligadas ao setor de seguros, com o desenvolvimento e a sofisticação dos produtos oferecidos, cada vez mais encontram espaço profissional atendendo essas empresas.
Para dar uma ideia do que é o movimento gerado pelas atividades ligadas ao seguro, uma única seguradora de saúde autorizou, em 2020, mais de oitenta milhões de procedimentos. Milhares de veículos são reparados, imóveis destruídos pelo fogo são reconstruídos, máquinas e equipamentos danificados por toda a sorte de sinistros são consertados ou substituídos, as perdas de produtores rurais são ressarcidas, vidas, que não podem ser repostas, geram indenizações que garantem o futuro dos beneficiários das apólices.
Com a pandemia, a importância do setor se materializa nos hospitais privados lotados. Quem arca com o grosso dos custos, ligados ou não ao coronavírus, são as operadoras de planos de saúde privados.
Mas não é só no campo da saúde que as empresas sob o manto da CNSeg se destacam. Grande parte das cargas roubadas nas estradas brasileiras é indenizada pelo seguro de transporte. Em época de desemprego, o seguro prestamista e o seguro educação têm uma cláusula que garante o pagamento temporário da obrigação do segurado desempregado.
Além disso, uma parte significativa das reservas não pode ser aplicada livremente pelas suas gestoras. Ao contrário, esses investimentos são direcionados e as aplicações devem ser feitas em títulos públicos, garantindo ao governo suporte para girar a sua dívida e fazer frente às suas obrigações.
O Márcio Coriolano tem toda a razão, o setor de seguros é motivo de orgulho.
SÓCIO DE PENTEADO MENDONÇA E CHAR ADVOCACIA E SECRETÁRIO-GERAL DA ACADEMIA PAULISTA DE LETRAS
Voltar