Jornal do Comércio
Por Maria Welter
Os eventos climáticos que atingiram o Rio Grande do Sul na última semana deixaram rastros de destruição em mais de 90 cidades. A reconstrução é lenta e todo o auxílio é necessário para que os moradores da região consigam, aos poucos, recuperar bens materiais perdidos. No caso de contratantes de seguros particulares, as seguradoras cobrem os danos nos chamados seguros compreensivos ou seguros adicionais, que são contratos que reúnem vários ramos ou modalidades em uma mesma apólice.
Os seguros patrimonial e de automóveis têm coberturas distintas, então o segurado precisa contatar a seguradora para saber quais são seus direitos. “O primeiro ponto é que o segurado quem tem algum tipo de seguro vigente faça o contato e o comunicado à sua seguradora para que seja analisado caso a caso as coberturas contratadas e respectivamente as indenizações”, explica o presidente do Sindicato das Seguradoras do RS (Sindsegrs), Guilherme Bini.
Bini explica que é necessário que os segurados tenham contratado os seguros compreensivos para terem cobertura total nos danos em veículos e imóveis. José Antônio Lumertz que é professor do curso de Ciências Atuariais da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs) explica que esse tipo de seguro é também chamado chamado de cobertura adicional, visto que vai além da cobertura básica usualmente contratada.
“O que é o seguro básico? No automóvel, colisão incêndio e roubo. No seguro de imóveis é incêndio, queda de raio e explosão. O seguro de vida que é mais amplo, que são o risco de morte, por doença ou por acidente. E, claro, o seguro de invalidez”, explica Lumertz.
Outro ponto importante é a diferença entre enchente, inundação e enxurrada nos casos de cobertura de seguros. Quando se fala de enchente ou cheia, trata-se da situação natural de transbordamento de água do seu leito natural, seja córrego, arroio ou rio, devido a chuvas intensas e contínuas. A inundação é quando a água passa da área de cheia normal. E a enxurrada é quando, além da inundação, a água tem movimento, o que aumenta o risco de danos.
Para o fenômeno que aconteceu no RS, Lumertz defende que enxurrada é o termo melhor empregado. “Quando tu tem uma enxurrada, além de ter a inundação, tu tem um movimento da água. Este movimento da água é mais danoso, então são níveis de comprometimento diferentes que tu vai tendo e, por decorrência, extensão de danos”, destaca o professor.
Então, os atingidos pelas águas precisam estar atentos se os danos causados pelos fenômenos que atingiram o Estado constavam no seguro que contrataram. Como muitos documentos foram perdidos com a catástrofe, os segurados podem recorrer aos corretores de seguro ou diretamente às seguradoras.
“A seguradora é a empresa que vai fazer esses pagamentos, que assume esse risco; o corretor é um facilitador que ajuda as pessoas a contratarem um bom seguro”, define o professor.
A cobertura do seguro também depende da atitude do segurado diante do risco. Caso o próprio segurado se exponha ao risco, o seguro pode identificar que poderia ter sido evitado o estrago ou os danos poderiam ser menores e não cobrir os gastos.
“Automóveis têm uma cobertura desde que a pessoa não use o carro de forma agravada. Um exemplo de usar o carro de forma gravada é: eu estou vendo que o local de tráfego está comprometido, mas mesmo assim eu quero passar porque eu me acho um bom motorista, então eu entro com o carro dentro da água, isso quer dizer que eu agravei uma situação, eu me pus em uma situação de agravo”, exemplifica Lumertz.
“Todas as seguradoras estão se unindo em força-tarefa desde o dia 7 de setembro, com atendimento diferenciado aos segurados na região Sul. Muitas seguradoras já colocaram guinchos à disposição até mesmo da sociedade, amparando segurados e não segurados na remoção de seus veículos”, afirma o presidente do Sindsegrs.
Nos casos de quem não tinha seguro particular, iniciativas de pessoas físicas e governamentais têm sido lançadas para a recuperação das áreas atingidas no Estado. Para empreendedores, existe a ação Adote um empreendedor gaúcho, do grupo Conexões RS, além de sete iniciativas do governo estadual. O Governo Federal também anunciou o repasse de R$ 740 milhões no último domingo (10), R$ 1 bilhão nesta terça-feira (12) para ajudar a recuperar a economia das cidades, assim como a liberação de R$ 600 milhões do fundo de garantia para atender 354 mil trabalhadores.
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