CQCS | Sueli Santos
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Os principais problemas e desafios brasileiros no âmbito da economia, da política e da sociedade foram debatidos no 22º Encontro de Líderes do Mercado Segurador. O evento foi organizado pela CNseg (Confederação Nacional das Empresas de Seguros Gerais, Previdência Privada e Vida, Saúde Suplementar e Capitalização) e aconteceu entre 2 e 4 de fevereiro no Costão do Santinho, em Florianópolis.
Para o presidente da CNseg, Marcio Coriolano, o evento deste ano procurou discutir os três temas por haver uma “interdependência óbvia” entre eles no atual momento brasileiro. De modo geral, os economistas, cientistas sociais e políticos presentes concordaram que persistir no rumo das reformas estruturais é o único caminho para o país conseguir superar suas graves dificuldades econômicas e sociais. Coriolano disse que, “independentemente de coloração partidária, o futuro do Brasil, com ética na política, depende da aprovação das reformas”.
No encerramento do encontro aconteceu um debate sobre Reforma Política. O cientista político Fernando Abrucio, da FGV (Fundação Getúlio Vargas), afirmou que reforma política não se resume a uma mera reforma eleitoral e que diversos aspectos do sistema político precisam ser aperfeiçoados, como a pouca participação social na vida partidária e o fato de o controle institucional dos governos muitas vezes dificultar a ação dos governantes. Ele destacou ainda o que chamou de “20 anos dourados” vividos pelo Brasil de 1993 a 2013, nos quais o país viveu um raro período de estabilidade política e econômica e de inclusão social.
No mesmo painel, o ex-deputado federal Paulo Delgado disse que a origem da crise econômica atual é política. “O que falta ao Brasil é inaugurar o capitalismo, inserir-se na ordem econômica internacional. O desafio brasileiro é se tornar competitivo.” Na opinião do senador Aloysio Nunes (PSDB) a fragmentação partidária, característica do sistema político brasileiro torna a governabilidade muito custosa do ponto de vista ético, pois os governantes acabam tendo que negociar apoio e cargos com muitas legendas diferentes.
Na sexta-feira, os painéis abordaram os temas “Sociedade” e “Economia”. No primeiro, o economista Samuel Pessoa, da FGV, o cientista político Carlos Melo, do Insper, e o economista Sergio Besserman destacaram que o Brasil tem avançado do ponto de vista institucional, mas que o país continua socialmente muito desigual e que é necessário estar atento para que o corporativismo não prejudique a implementação das reformas. “Interesses corporativos estão no nosso DNA desde sempre”, afirmou Carlos Melo. Para Samuel Pessoa, “qualquer democracia tem um problema grave: a sensibilidade à lógica dos grupos de pressão”. “Não basta fazer o dever de casa e resolver esta crise”, disse Besserman, para quem “a educação é a solução, só que leva uma geração”.
O painel “Economia” reuniu Alexandre Schwartsman, do Insper, Sérgio Vale, da MB Associados, e Luiz Roberto Cunha, da PUC-RJ. As previsões para o crescimento do PIB deste ano variaram de 0,5% a 1%, mas houve consenso de que medidas estruturantes como a aprovação da PEC do Teto dos Gastos e a proposta de reforma da Previdência enviada o Congresso são o caminho para a superação das dificuldades. Sérgio Vale destacou a volta da previsibilidade como um aspecto fundamental da política econômica do atual governo. “O caminho para retomar o crescimento não permite desvios. A margem para erro é minúscula”, afirmou Schwartsman.
Ao final do evento, Marcio Coriolano afirmou que o mercado segurador tem mostrado resiliência em meio à crise econômica, mas que não há nenhuma mudança estrutural à vista em que o setor esteja podendo se apoiar para crescer. Coriolano enfatizou o apoio do mercado às reformas estruturais. “Tão importante quanto as coisas acontecerem é preparar as condições para que aconteçam melhor no futuro”, disse.
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