DSOP Educação Financeira
Em abril, o percentual de famílias brasileiras endividadas teve a sua terceira alta consecutiva do ano e atingiu 58,9%, enquanto o percentual de famílias inadimplentes (com dívidas ou contas em atraso) é o maior desde setembro do ano passado, atingindo 24,1%, segundo recente pesquisa da CNC (Confederação Nacional do Comércio).
Para quem passa por esses problemas financeiros, a principal orientação é não se desesperar. É preciso colocar os pés no chão, encarar a realidade e se planejar para sair da situação de forma definitiva. Para tanto é preciso reconhecer os hábitos e comportamentos que o levaram a ao endividamento e inadimplência em primeiro lugar.
“A pesquisa indicou que o cartão de crédito foi a principal forma de endividamento para a grande maioria das famílias: 76,6%. Isso acontece porque muitas pessoas não compreendem que pagar no crédito, parcelar ou fazer uma caderneta em açougue ou mercado para pagar no final do mês, por exemplo, também são formas de endividamento”, afirma o presidente da Associação Brasileira de Educadores Financeiros (Abefin), Reinaldo Domingos.
Para o especialista, é preciso se perguntar: qual é o real tamanho da dívida? “Boa parte dos endividados, por medo de encarar, não sabem a verdade e não conseguem sair dessa situação, deixando que se transforme em um círculo vicioso. Portanto, a orientação que sempre dou é ter ciência da real situação financeira em que se encontra. Saiba exatamente quais são as dívidas que possui, o valor de cada uma e as condições de pagamento”, orienta.
Confira 9 orientações para sair dessa situação:
1- Colocar na ponta do lápis todas as dívidas que possuir, separando as que correspondem a serviços e produtos de necessidade básica, que não podem ser cortados (como água, energia elétrica, gás e aluguel) e as que sofrem juros mais altos (como cartão de crédito e cheque especial), considerando essas como prioridade para pagamento. Antes de sair se enrolando para pagar, faça um diagnóstico financeiro, para saber como pode diminuir as despesas mensais, fazendo sobrar dinheiro para pagar as dívidas em atraso;
2- Anote durante 30 dias todos os gastos que tiver, separando por tipo de despesa. Isso inclui gastos “pequenos”, que podem até ser considerado menos importantes, como gorjetas e guloseimas, pois no final do período será possível compreender de que forma, efetivamente, seu dinheiro está sendo gasto. Reflita sobre os hábitos e comportamentos que o levaram a chegar nessa situação, assim saberá o que deve mudar e quais gastos irá reduzir ou eliminar;
3- Tenha em mente que só se deve negociar uma dívida quando se tem condições de fazer isso, ou seja, após se planejar, pois um passo precipitado pode até piorar a situação. Portanto, só se deve procurar um credor, quando já souber quanto terá disponível mensalmente para pagar e, então, poder negociar;
4- Trocar uma dívida pela outra nem sempre é a melhor alternativa. É claro que o crédito consignado, por exemplo, oferece juros baixos em comparação ao cartão de crédito, cheque especial e financiamentos, já que o pagamento é retido diretamente do salário. Justamente por isso é preciso cautela, já que para quem já está com dificuldade em administrar as finanças, ter sua renda habitual reduzida pode desencadear novos endividamentos e problemas ainda maiores, virando uma bola de neve;
5- Para não agravar a situação, antes de realizar qualquer compra, se faça algumas perguntas como “Eu realmente preciso desse produto?”, “O que ele vai trazer de benefício para a minha vida?”, “Estou comprando por necessidade real ou movido por outro sentimento, como carência, baixa autoestima ou influência de terceiros?”. Ao fazer isso, terá uma grande surpresa sobre a quantidade de coisas adquirida apenas por impulsividade;
6- Poupe primeiro, compre depois – um hábito que a maioria das pessoas não tem é o de guardar dinheiro antes de gastar. Tem algo em mente que quer comprar? Ótimo, pesquise preço e comece a juntar recursos, para conseguir pagar à vista. Além de conseguir um preço melhor por conta de descontos, evitará acumular parcelas e piorar a sua situação;
7- Você sabe o quanto você ganha? Essa pergunta pode parecer estranha, mas muita gente não sabe exatamente o quanto recebe por mês, especialmente quem possui renda variável. Isso é muito perigoso, uma vez que se não sabe o quanto ganha, não sabe o limite de gastos que pode ter e muito menos consegue fazer um planejamento adequado e pode acabar agravando a sua situação de endividamento e inadimplência;
8- Em momentos de crise financeira, que são passageiros, é importante resgatar sonhos, objetivos que realmente importam e que farão a pessoa ter ainda mais motivos para “dar a volta por cima”. É preciso relacionar no mínimo três sonhos: um de curto prazo (a ser realizado em até um ano), um de médio prazo (entre um a dez anos) e outro de longo prazo (acima de dez anos), sendo que um deles deve ser o de sair das dívidas;
9- Com os números do diagnóstico financeiro em mãos, é possível conhecer a sua força de poupança após os cortes para realizar o sonho de sair das dívidas sem que tenha que fazer outra dívida. Mês após mês, é preciso aplicar esse dinheiro em um investimento que seja coerente ao tipo de objetivo (prazo) e ao perfil do investidor. Caso tenha dificuldade para investir, é válido consultar um especialista.
Voltar