Reinaldo Domingos/DSOP - SEGS
De acordo com informações divulgadas pelo Banco Central (BC), os juros bancários e a inadimplência alcançaram seu maior patamar, em maio deste ano. O juro médio chegou a 52,3% a.a., enquanto que o número de famílias e empresas que não honraram com seus compromissos avançou para 5,9%.
Paralelo a esse cenário, temos a triste realidade de que o desemprego já atinge mais de 11 milhões de brasileiros, e esse é o motivo dado pela maioria daqueles que não conseguiram pagar suas contas em dia. Além disso, o país passa por um momento delicado, de forte recessão, inflação alta, enfim, economia instável.
Diante de um problema complexo e que parece estar longe de acabar, o educador financeiro e presidente da Associação Brasileira de Educadores Financeiros (Abefin), Reinaldo Domingos, dá algumas orientações. “Nesse momento, não adianta ficar achando culpados; é hora de arregaçar as mangas e ir atrás do prejuízo. O grande segredo é corrigir a causa do problema, não somente as consequências”, explica.
Em outras palavras, as pessoas precisam começar a entender que, se bem usadas, as ferramentas de crédito são vantajosas; a questão principal é que a maioria não teve uma base de conhecimento sobre o assunto. “O que os brasileiros devem fazer é se se informar mais, para corrigir hábitos e comportamentos errôneos e enraizados em relação ao uso e à administração dos recursos financeiros, que os levam a pagar juros altíssimos e, consequentemente, à inadimplência”, complementa o educador financeiro.
Com base em seus anos de experiência trabalhando com comportamento financeiro, Domingos listou os 6 maiores pecados que as pessoas cometem e que as levam à inadimplência e como virar esse jogo:
Falta de planejamento: as pessoas não sabem para onde vai o dinheiro, não possuem controle. As pessoas não se dão conta que o descontrole financeiro não acontece nos grandes gastos, mas sim nos pequenos. Para evitar que isso ocorra, o correto é o preenchimento de uma caderneta diária de todos os gastos, que chamamos de apontamento, e realizar uma planilha mensal por três meses, conhecendo os seus verdadeiros números.
Marketing e publicidade: a suscetibilidade às ferramentas de marketing e publicidade faz com que as pessoas comprem o que elas não precisam. Isso acontece diariamente por falta de orientação. O caminho para evitar esse problema é buscar conhecimento para deixar o hábito de comprar por impulso; o ideal é se questionar se realmente precisa desse produto, qual a função que terá em sua vida, etc.
Crédito fácil: buscar ferramentas de crédito fácil, como empréstimos, crediários, financiamentos, limite do cheque especial, ou pagar o mínimo de cartão de crédito, já é uma forma de endividamento. O mercado oferece milhares de produtos de fácil acesso, contudo, os juros cobrados são abusivos e fazem com que a inadimplência se torne alta. A solução é evitar esses meios, buscando se educar financeiramente e mudando o comportamento errôneo em relação ao trato com o dinheiro. No caso de cartão de crédito, o ideal é ter só um e, em caso de descontrole, até mesmo eliminar. Também é interessante não ter limite de cheque especial.
Parcelamentos: parcelar é um hábito cultural do brasileiro, por isso, ao agir dessa maneira, as pessoas não percebem que estão se endividando. Para piorar, muitas vezes, o consumidor se esquece de colocar esses valores no orçamento, o que pode comprometer seriamente as finanças. Caso seja fundamental parcelar, deverá constar no orçamento mensal da pessoa, que sempre que receber seus rendimentos, separará parte do valor para pagar essa dívida. Também é interessante ter uma poupança paralela, para que, em caso de imprevistos, tenha como arcar com esses valores.
Falta de sonhos: não ter objetivo para o dinheiro causa inadimplência. Sem um destino para o dinheiro, se gasta de forma irresponsável, levando ao endividamento. Isso ocorre muito pela falta de capacidade das pessoas de sonhar. Para sair deste problema, é recomendável fazer um exercício simples: refletir sobre o que se quer para o futuro. Tendo isso estabelecido, deve cotar os valores e determinar parte de seu dinheiro para esse fim. Com isso em mente, será muito mais difícil cair nas armadilhas do consumismo e crédito fácil.
Necessidade de status social: acreditar que consumir é importante para ser aceito socialmente faz com que as pessoas comprem sem ter condições. Isso porque acreditam que possuir alguma coisa é o que fará a diferença para os outros, e não o que ela realmente é. O consumo dessa maneira irá apenas suprir a dificuldade de relacionamento interpessoal. A solução para esta questão é ter objetivos claros e perceber que é muito mais importante ter conteúdo do que ter produto.
Reinaldo Domingos, educador financeiro, presidente da Associação Brasileira de Educadores Financeiros (Abefin) e da DSOP Educação Financeira e autor do best-seller Terapia Financeira, do lançamento Mesada não é só dinheiro, e da primeira Coleção Didática de Educação Financeira do Brasil.
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