G1
A indústria brasileira de seguros deve ter bastante volatilidade ao longo de 2017, após os números de abril apontarem uma forte reversão de tendência, disse o presidente da entidade do setor, CNseg, Marcio Coriolano.
De acordo com números do órgão regulador Susep, o volume de prêmios emitidos pelo setor caiu 8,8 por cento em abril contra mesmo mês de 2016. Isso depois de o segmento ter tido leituras positivas nos três meses anteriores, o que havia levado a uma alta de 13,9 por cento ante o primeiro trimestre de 2016.
Com a forte reversão de abril, o acumulado dos primeiros quatro meses ainda tem alta de 8,8 por cento ante mesmo intervalo do ano passado, mas comprometeu a previsão anterior de crescimento sustentado em 2017.
“Não há como indicar tendências firmes para o nosso mercado”, disse Coriolano à Reuters.
Entre os destaques negativos de abril no segmento elementares apareceram o de automóveis (queda de 3,6 por cento) e rural (queda de 9,4 por cento). O segmento de Pessoas teve queda de 6,7 por cento, com destaque para VGBL (-11,9 por cento). O seguro de vida individual, que vinha crescendo a uma taxa de dois dígitos, cresceu 9,7 por cento contra abril de 2016.
Para Coriolano, possíveis motivadores dessa reversão podem incluir o recrudescimento da crise política e o redirecionamento de parte da renda das famílias para consumo.
O executivo citou como exemplo o dado divulgado nesta terça-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostrando que as vendas no varejo surpreendentemente tiveram em abril a maior alta para o mês em nove anos, com forte impulso dos setores de supermercados e vestuário destacando a trajetória irregular da recuperação da economia.
Além disso, disse Coriolano, as seguradoras têm mostrado uma postura ainda mais conservadora, preferindo assumir menos riscos para manter a sinistralidade em níveis controlados.
“O mercado está cada vez mais conservador”, disse ele.
De fato, a sinistralidade, o volume de indenizações pagas pelas seguradoras no quadrimestre foi de 45,9 por cento, queda de 4,1 pontos percentuais com relação a igual período de 2016.
Ao mesmo tempo, as seguradoras mostraram manutenção do controle das despesas administrativas, que ficaram estáveis na comparação com os primeiros quatro meses de 2016, enquanto as despesas de vendas subiram 0,7 ponto percentual.
Para Coriolano, esse movimento pode refletir, entre outros fatores, um esforço das empresas para tentar compensar as receitas menores com aplicação em títulos públicos, devido ao ciclo de queda da Selic.
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