Aplicativos dão descontos de até 30% no seguro de bons motoristas

Jornal do Carro

Compartilhe nas redes:

Foi-se o tempo em que aquele velho questionário de avaliação de risco era a única maneira de se definir o valor do seguro do carro. Em tempos de inteligência artificial, seguradoras desenvolvem aplicativos que monitoram as viagens dos motoristas e calculam a apólice com base no perfil de condução do usuário. Quem dirige bem pode ter alívio no bolso de até 30%.

Liberty, SulAmérica Seguros, Generali e Porto Seguro são algumas das companhias que apostam no segmento no Brasil. Gratuitas, as ferramentas aliam sistemas de GPS a sensores do celular para detectar freadas bruscas. Ou até uso indevido do smartphone, ultrapassagem de limite de velocidade, entre outras variáveis. Também verificam se a pessoa dirige mais à noite ou de dia, os locais que mais frequenta e a quantidade de tempo em que passa dentro do carro. Com esses dados, os apps definem o contrato mais justo para cada cliente.

Descontos chegam a R$ 400

No app Auto.Vc, da SulAmérica Seguros, o motorista precisa rodar por cerca de 2 meses antes de ter seu perfil traçado. Ao longo desse período, o software estabelece uma pontuação de zero a 100. E premia aqueles que recebem nota máxima. Os descontos podem chegar a R$ 400.

O gestor Arnaldo Honorato, de 52 anos, costumava pagar cerca de R$ 1.500 para ter seu Corsa 2011 coberto pela SulAmérica. Depois de começar a usar o aplicativo, teve o valor da apólice cortado em R$ 270. “Estou com 79 pontos. Como às quartas-feiras saio do trabalho só às 20h. Acabo sendo penalizado por dirigir muito em período noturno”, conta Honorato, que trabalha no Centro de São Paulo e mora em Jardim Adélia, na zona leste.

Com vigência mensal, o Smart Auto, da Generali Brasil Seguros, oferece serviço semelhante, mas só concede os benefícios àqueles que superam a marca de 65 pontos, também numa escala de zero a 100. Após avaliar mais de 400 km de rodagem do veículo, o aplicativo sugere o melhor pacote para o usuário, que decide se o contrata ou não. Os mais prudentes ao volante são recompensados com apólices até 30% mais baratas. De acordo com a seguradora, cerca de 5 mil pessoas utilizam a ferramenta.

“Essa é uma maneira de conquistar um cliente mais moderno, antenado ao mundo digital, e de simplificar o processo, já que não será necessário fazer vistoria num ponto físico”, explica o diretor de estratégia e novos negócios da Generali, Michele Cherubini.

Porto Seguro mira público jovem

Há mais de um ano no mercado, o Trânsito+Gentil, da Porto Seguro, oferece descontos de até 15% apenas para jovens de até 24 anos. Grupo etário que costuma pagar os seguros mais caros. Os demais usuários recebem 3% de desconto só por utilizar o serviço. “Estamos em fase de expansão. Os jovens funcionam como um piloto [para o projeto]. Eles representam um segmento que tem uma precificação muito agressiva”, ressalta o superintendente da Porto Seguro Auto, Vicente Lapenta.

Outra seguradora que também investe nesse tipo de aplicativo é a Liberty Seguros. Para definir os hábitos de cada motorista, o app Direção em Conta avalia cinco critérios. Velocidade, estilo de condução, distração, fadiga ao volante e momento do dia. “A partir dos dados levantados, condutores que dirigem com segurança e de forma consciente podem receber até 30% de desconto nos seguros auto da Liberty. Independentemente do seu gênero, idade ou histórico prévio”, destaca o superintendente de novação da empresa,Silvio Andrade.

Mas o que a seguradoras ganham com isso? Seus dados

Por trás das benesses de uma cotação mais individualizada, há um objetivo maior do setor: pagar menos sinistros. Segundo utivos do mercado, a ideia é obter dados mais precisos sobre o perfil dos motoristas. “Em um grupo de pessoas que dirige melhor, a expectativa é de ter uma sinistralidade menor. E, portanto, preços mais baixos”, explica Michele Cherubini, da Generali.

Na avaliação de Eduardo Dal Ri, da SulAmérica, o uso de tecnologias como essa é a solução para aumentar a frota de veículos segurados no Brasil. “Não sei qual é o futuro do mercado de seguros. Mas sei que passa por ferramentas que precificam o cliente pelo que ele realmente é. Não queremos mais ter que perguntar idade, sexo e onde ele mora”, revela.

Com tantas informações pessoais compiladas, as seguradoras garantem que os aplicativos são desenvolvidos em conformidade com as normas de proteção de dados. Dal Ri explica que o acesso ao estilo de condução de cada usuário é restrito a uma pequena equipe da empresa. “O cliente pode inclusive deletar a viagem dos registros”, esclarece.

Voltar