Revista Cobertura Por Carol Rodrigues
Entender o comportamento do consumidor e customizar produtos para oferecê-los com valores que caibam no bolso dos consumidores são pontos observados pelos líderes de sindicatos das seguradoras
O setor de seguros movimenta anualmente mais de R$ 470 bilhões. No primeiro trimestre do ano, apoiado na herança de 2019, obteve a taxa de crescimento de 12,5%. No entanto, o mesmo desempenho não deve continuar nos meses seguintes, pois o setor não passará incólume pela forte recessão que afetará o Brasil em decorrência da pandemia do novo coronavírus.
“Sabemos que vai nos afetar, pois produto, emprego e renda são os nossos combustíveis. Mas estamos otimistas. Vamos continuar trabalhando muito junto aos nossos corretores e teremos condições de superar esses desafios”, destacou Márcio Coriolano, presidente da CNseg, durante webinar realizada ontem, 3 de junho, com o tema “Os mercados regionais na covid-19: a visão dos presidentes dos sindicatos das seguradoras”.
Algumas transformações feitas pela indústria são notórias e geram reflexos positivos para o futuro próximo, como a capacidade rápida de adaptação, conforme assinalado por Ronaldo Dalcin, presidente do Sindseg N/NE e superintendente comercial nordeste da Tokio Marine.
“A indústria vem se aperfeiçoando em dois pontos importantes, a tecnologia e a simplificação dos processos”, complementou Alexandro Barbosa, presidente do Sindseg BA/SE/TO e diretor regional N/NE da Allianz Seguros, que citou a eficiência e a maturidade do mercado.
Jornada de concretização de venda e entrega mudou
A resiliência da indústria nestes dois meses também contou com um personagem importante: o corretor de seguros. “Eles vêm demonstrando um profissionalismo gigante neste período”, disse Barbosa.
Marco Antônio Neves, presidente do Sindseg MG/GO/MT/DF e diretor da SulAmérica Seguros, destacou a importância dos corretores de seguros. “A nossa grata surpresa foi o preparo dos corretores para engajar e participar da nossa jornada, pois a nossa jornada de concretização de venda e entrega mudou”.
Para Rivaldo Leite, presidente do Sindseg-SP e vice-presidente comercial e marketing da Porto Seguro, embora os seguradores estejam em busca de oportunidades, também estão de olho nos corretores. “Eles são os distribuidores oficiais dos seguros no nosso país e temos a missão de fortalece-los cada vez mais e criar produtos para que a multidão de corretores consiga nos representar muito bem, como vêm fazendo até hoje”.
Os presidentes de sindicatos atestaram que o corretor de seguros ocupa um papel fundamental na jornada do cliente. “Nós, seguradoras, detemos muita tecnologia – análise preditivas, inteligência artificial, chatbot. Precisamos tornar essas informações disponíveis para os corretores e traduzir melhor as informações para que ele tenha uma informação assertiva. A renda vai retrair, mas a necessidade de proteção continua”, destacou Neves, ao lembrar que o mercado vai encontrar meios de restabelecer o crescimento.
Barbosa sintetiza dizendo que as companhias precisam desenvolver produtos mais adequados e simplificados para auxiliar o corretor na capilaridade de clientes. “A sociedade está buscando mais proteções. Quando tudo isso passar, a consciência de proteção se manterá por um longo período e vamos potencializar o nosso mercado”.
Comportamento do ‘novo consumidor’
Como o presencial foi suplantado pelo virtual, fica evidente o quanto a tecnologia será aliada dos projetos desenvolvidos pela indústria de seguros agora e no futuro.
Para Dalcin, a customização de produtos cada vez mais vai fazer parte do dia a dia. “Precisamos entender o comportamento dos clientes e direcionar as ações neste sentido”.
“O consumidor é diferente, tem peculiaridades de acordo com as regiões e as mudanças estão cada vez mais rápidas, ditadas pela tecnologia”, ressaltou Neves.
A busca pela proteção ganhará mais espaço. São vistas oportunidades nos seguros de vida, saúde, previdência, residencial, rural e cyber risks. O automóvel também terá o seu espaço, mas com coberturas simplificadas. Outra modalidade importante é o seguro intermitente, que deve ganhar mais corpo.
Dalcin observa que o microsseguro é uma tendência na medida em decorrência da queda da renda do brasileiro. “As seguradoras precisam ter um olhar mais apurado para o produtos”.
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