Brasil 247
Mesmo que as mulheres dirigem carros faz décadas e que atualmente seja bem fácil achar motoristas femininas de táxi, ônibus, Uber, etc., ainda existe um forte preconceito sobre o desempenho delas na rua. Como explicava Fernão Silveira, diretor de comunicação e sustentabilidade da FCA (Fiat Chrysler Automobiles) para América Latina, o trânsito é um ambiente coletivo e, por isso, é importante garantir igualdade de tratamento a todas as pessoas.
“Mulher no volante, perigo constante” é uma fase frequente de se ouvir, só que não reflete a realidade. O levantamento “Mulheres no Trânsito” desenvolvido o ano passado pela Seguradora Líder (administradora do seguro obrigatório DPVAT), mostra que do total das indenizações pagas pelo Seguro, só 25% foram para mulheres sendo o outro 75% para homens. A diferença é mais chocante se analisadas as indenizações pagas por acidentes fatais: 82% das vítimas no trânsito são homens. A segurança dirigindo também parece estar reforçada no sexo feminino: do total das indenizações pagas às mulheres unicamente 11% foram para vítimas motoristas. Já no caso dos homens, 60% dos pagamentos para vítimas eram destinadas a condutores.
Esses fatores são levados em conta pelas companhias de seguros. No início do ano um informe feito pela corretora Minuto Seguros expressava que as mulheres pagam até 23% menos do que homens pela apólice do seguro de carro pelo simples motivo de elas serem mais cuidadosas no trânsito. Para obter as conclusões foram consideradas cotações de seguros feitas por ambos sexos nos estados de São Paulo, Paraná, Bahia, Pará e Distrito Federal. As principais diferenças foram detectadas no Paraná e no Distrito Federal, alí o público feminino paga em média entre 20% e 19% menos do que o masculino.
Quando consultadas as autoridades, tanto da Minuto Seguros como da Porto Seguro Auto, ambas coincidem com que a determinação do preço das apólices envolvem vários critérios e que, sendo que as mulheres geralmente são mais atenciosas com o tráfego e registram menos ocorrências, o seguro para elas costuma ser mais barato. Além disso, quando acontece algum acidente, comumente os danos causados são menores e de menor impacto, com custos de reparo mais baratos. A própria SUSEP (Superintendência de Seguros Privados) informa que os valores de indenizações gerados por sinistros envolvendo mulheres são bem menores do que os que acontecem com os homen.
Tanto o sexo como a idade de quem solicita a cotação de um seguro são algumas das informações do perfil de motorista avaliadas pelas companhias. Esses dados podem variar de uma seguradora para outra, mas de um maneira geral são considerados aspectos como tipo de carro, local de residência do motorista, estado civil, ter filhos menores, lugares de circulação, contar com garagem na casa, etc. Todas essas características são indicadores que ajudam a avaliar as chances de que o motorista possa sofrer um sinistro.
Ao analisar os preços de seguros de automóvel se identificam muitos outros fatores vinculados com a formação dele. Dentre eles a idade do segurado é um dos aspectos mais importantes. Ao contrário do que acontece com os seguros e planos de saúde, onde os idosos podem chegar a pagar um preço até 464% mais caro do que um jovem, os seguros de carro costumam ser mais baratos quanto mais velha seja a pessoa.
Com base em estatísticas, as seguradoras preveem que, quanto mais jovem é o condutor, maiores serão as chances de ter dificuldades com o veículo ou de se envolver num acidente. A faixa etária de 18 e 25 anos é considerada como a menos experiente ao volante (obviamente pelo simples fato de só estar habilitado para dirigir a partir dos 18 anos) mas também como a mais imprudente. Os índices de colisão, roubo e furto, direção perigosa e embriaguês ao dirigir, entre outros, são mais altos em comparação com outras faixas etárias de segurados.
Além do anterior, é detectado nos jovens maior omissão no cuidado e manutenção do carro, com os consequentes desperfeitos mecânicos ou até acidentes que aquilo pode gerar.
As seguradoras chamam a essa faixa etária (dos 18 para 25 anos) como “idade de risco” e é por isso que as seguradoras cobram um preço mais caro para segurar pessoas jovens. Mundialmente, mais de 70 por cento das mortes são de jovens com até 25 anos e a mais frequente causa delas são os acidentes de trânsito. O Brasil, é o terceiro no ranking de países com mais mortes de jovens no trânsito, apenas por trás da Índia e a China.
Outros fatores que influenciam no preço do seguro
Os aspectos destacados pelas companhias de seguros na hora da precificação se relacionam com características tanto do motoristas, como do veículo e do contexto de circulação e segurança.
Violência:
No suposto que o local onde o segurado residir apresenta um alto índice de roubo ou furto de carros, o valor cobrado pelas seguradoras será mais alto. É por isso que muitas pessoas, antes de comprar um veículo investigam quais são os modelos mais roubados, já que isso indicará o maior ou menor preço da apólice. Atualmente muitas seguradoras avaliam a possibilidade de reduzir o custo caso o segurado instalar dispositivos de segurança como rastreadores, alarmes sonoros ou localizadores.
Modelo e ano do carro:
O impacto de estas características do veículo se deve a probabilidade de falhas, incremento no preço de reposição de peças e maior ocorrência de acidentes em alguns modelos e principalmente nos carros mais velhos.
Garagem:
Contar com um lugar seguro para deixar o carro quando não está sendo dirigido influencia no valor do seguro. Isto porque os veículos que ficam estacionados na rua, principalmente de noite, estão mais sujeitos a diversos tipos de riscos como furtos, roubos, batidas e alagamentos.
Ao mesmo tempo, hoje em dia vem se tornando populares outras categorias de seguros: as chamadas coberturas “pay per use” nas quais é o próprio titular do seguro quem avalia os seus riscos já que pode decidir quando ativar ou não a proteção do seguro. Assim por exemplo quando deixar o carro na garagem da casa ou do trabalho pode “desligar” a cobertura economizando custos.
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